segunda-feira, 1 de janeiro de 2007

carta de um aluno da faculdade aos pais...

Querido Pai e Querida Mãe:
Já faz três meses que estou na Universidade, e demorei muito tempo a escrever-vos. Peço desculpa pela demora, mas agora vou colocar as notícias em dia. Antes de continuar, por favor, sentem-se. Não continuem a ler antes de se sentarem, ok? Agora já estou melhor. A fractura e o traumatismo craniano que tive ao saltar da janela do meu quarto em chamas, ao chegar aqui, estão praticamente curadas. Passei duas semanas no hospital, a minha visão está quase normal e aquelas terríveis dores de cabeça só as tenho uma vez por semana. Como o incêndio foi causado por um descuido meu, teremos que pagar à Universidade 5 mil euros pelos danos causados, mas isso não é nada, pois o importante é que eu estou vivo. Felizmente, a empregada que trabalha na lavandaria em frente, viu tudo. Foi ela quem chamou a ambulância e avisou os bombeiros. Também me veio visitar ao hospital, e como eu não tinha para onde ir, já que o meu quarto ficou reduzido a cinzas, teve a gentileza de convidar-me a viver com ela. Na verdade é um quarto no sótão, mas é muito agradável. Ela tem o dobro da minha idade, estamos perdidamente apaixonados e queremos casar. Apesar de não termos ainda fixado a data, espero que seja antes que a gravidez seja muito evidente. Pois é, queridos pais, vou ser papá. Sabendo que vocês sempre quiseram ser avós, tenho a certeza de que acolherão muito bem as crianças (são trigémeos), com o mesmo amor e carinho que me deram quando eu era pequeno. A única coisa que ainda está a atrapalhar a nossa relação é uma pequena infecção que a minha noiva apanhou, e que nos impede de fazer os exames pré-matrimoniais.Eu também, por descuido, acabei por me infectar, mas estou melhor com as doses diárias de penicilina que agora estou a tomar. Sei que vocês a receberão com os braços abertos na nossa família. Ela é muito amavél e, apesar de não ter estudado, tem muita ambição. Da mesma forma, apesar de não seguir a nossa religião, tenho a certeza que vocês vão ser tolerantes. Tenho certeza de que a amarão tanto quanto eu. Como ela tem mais ou menos a sua idade, mãe, tenho a certeza de que se darão muito bem e que se divertirão muito juntas pois, como a casa onde vivemos é muito pequena, pretendo voltar para casa com toda a minha nova família. Os pais dela também são pessoas muito boas. Parece que o pai dela foi um marceneiro famoso na aldeia africana de onde eles vieram. Agora que já sabem de tudo, é preciso que lhes diga que não ocorreu nenhum incêndio, não tive nenhum traumatismo craniano, não estive hospitalizado, não tenho noiva, não tenho sífilis e que não há nenhuma mulher em minha vida. A verdade é que tirei 0 a física, 2 a matemática, 1 a biologia e quis mostrar-vos que existem coisas bem piores na vida do que notas baixas.
Um beijo de vosso filho que vos ama muito.

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